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Prevenção ao suicídio: um olhar de cuidado e compreensão

⏲️ Tempo de leitura: 12 min
Por Kesley Leal, Psicóloga e Analista de RH Jair Amintas

O Setembro Amarelo é o mês dedicado à prevenção do suicídio, um tema complexo, doloroso e, infelizmente, ainda pouco discutido na sociedade. É fundamental entender que o suicídio não é um problema individual, mas sim uma questão de responsabilidade coletiva. Envolve a participação ativa de todos nós: indivíduos, profissionais de saúde, famílias, comunidades e o governo, através de políticas públicas eficazes.

Salvar vidas exige que rompamos o tabu e adotemos uma abordagem colaborativa e empática, em que o apoio mútuo seja o ponto central. O reforço de uma rede de suporte e acolhimento pode fazer toda a diferença. Juntos, podemos criar um ambiente onde falar sobre saúde mental seja natural e acessível, permitindo que aqueles que sofrem encontrem o apoio necessário.

A prevenção ao suicídio é uma causa de todos nós. A sociedade, e a falta de compreensão sobre problemas psicológicos, se destacam, assim como a falta de apoio e o estigma, que podem agravar o sofrimento de quem está passando por dificuldades. Abordar esse tema com honestidade visa revelar a complexidade da experiência humana e, possivelmente, encorajar uma maior compreensão e empatia.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o  aumento dos índices de suicídio ao longo dos anos é preocupante. Uma pessoa tira a própria vida a cada 40 segundos – um dado alarmante que reflete uma taxa crescente e diária de casos.

O papel da escuta ativa na prevenção

Falar sobre suicídio é, antes de tudo, falar sobre sofrimento humano. Quando uma pessoa  cogita tirar a própria vida, muitas vezes está enfrentando uma dor que parece insuportável, uma sensação de vazio, desespero ou isolamento que se torna difícil de lidar sozinho. O suicídio raramente é uma decisão repentina – é frequentemente o resultado de uma série de eventos e emoções que se acumulam ao longo do tempo.

Veja o exemplo da Ana, que começou a se isolar e demonstrar sinais de desesperança. Seus amigos notaram que ela estava diferente, mas não sabiam como agir. Aqui entra a importância da escuta ativa:

Ouça sem julgamentos: se Ana começasse a falar sobre seus sentimentos, o papel dos amigos seria ouvir com atenção, sem interromper ou julgar. Dizer: “Eu estou aqui para ouvir o que você precisar dizer”, pode ser reconfortante e ajudar a abrir espaço para a conversa.

→ Valide os sentimentos: mostrar compreensão genuína é crucial. Dizer algo como: “Eu entendo que você está passando por um momento difícil. Deve ser realmente difícil sentir-se assim”, pode ajudar Ana a se sentir mais compreendida e menos sozinha.

Quais fatores levam uma pessoa a cometer o suicídio?

Diversos fatores podem contribuir para esse ato, como a solidão, depressão, presença de outras doenças ou má saúde, problemas conjugais e de relacionamento, dificuldades financeiras ou emocionais, bullying, problemas típicos da adolescência e do início da vida adulta, luto ou perdas afetivas, timidez, entre outros.

Atenção aos sinais

Quem está em risco não consegue expressar claramente o que está sentindo, mas existem sinais que podem ser percebidos por aqueles ao seu redor: mudanças bruscas de comportamento, falas sobre desesperança ou inutilidade, isolamento social e até mudanças nos padrões de sono e alimentação. Ter atenção a esses sinais e oferecer um espaço seguro para que a pessoa possa falar sobre o que está sentindo é um passo importante na prevenção.

Esses fatores representam um grito silencioso por ajuda e apoio. É fundamental que todos nós estejamos atentos aos sinais de alerta e ao comportamento das pessoas ao nosso redor. Ao reconhecer esses sinais, podemos oferecer suporte, escuta e, muitas vezes, salvar uma vida.

A empatia e o apoio psicológico na prevenção do suicídio

A prevenção começa com a escuta empática, com a compreensão de que a pessoa não está buscando acabar com a vida, mas sim aliviar uma dor profunda e contínua. Reconhecer essa diferença é fundamental. É comum que alguém em sofrimento se sinta invisível, não ouvido, ou até mesmo julgado. Por isso, estar presente de forma genuína e sem julgamentos pode fazer toda a diferença.

O apoio psicológico é fundamental, pois um profissional de saúde mental pode ajudar a identificar as causas subjacentes desse sofrimento, seja decorrente de depressão, ansiedade, traumas ou outros tipos de transtornos. A terapia oferece ferramentas para enfrentar esses desafios, reconectando a pessoa com o que há de mais vital nela mesma: o desejo de viver e de superar.

Além disso, é essencial que toda a sociedade se envolva na prevenção do suicídio. Isso significa combater o estigma que ainda envolve os problemas de saúde mental, acolher a dor alheia e estar disposto a falar sobre o assunto de forma aberta e responsável não apenas no mês de setembro, mas sempre.


Dicas práticas para a prevenção:

→ Estabelecer conexões: manter contatos sociais regulares com amigos, familiares e outras pessoas de confiança pode proporcionar suporte emocional e ajudar a reduzir o isolamento.

→ Oferecer um ouvido atento: muitas vezes, as pessoas que estão pensando em suicídio precisam de alguém que as escute sem julgamentos. Ser uma presença acolhedora e aberta pode fazer uma grande diferença.

→ Encorajar a procura de ajuda: incentivar quem está em sofrimento a procurar ajuda profissional, como psicólogos e psiquiatras.etor jurídico. etor jurídico. 

Apoiar o tratamento de saúde mental

→ Tratamento de transtornos mentais: promover o cuidado adequado para condições como depressão, ansiedade e transtornos de humor, incluindo terapia, medicação e outras intervenções eficazes.

→ Reduzir o estigma: trabalhar para diminuir o estigma associado a problemas de saúde mental pode ajudar as pessoas a se sentirem mais confortáveis em procurar e receber ajuda.

Educar e informar

→ Educação sobre saúde mental: promover a conscientização sobre os sinais de alerta do suicídio e sobre como oferecer suporte a alguém que esteja em risco.

→ Treinamento em intervenção de crise: capacitar pessoas (como professores, colegas de trabalho e familiares) para identificar comportamentos de risco e agir de maneira adequada.

Identificar e intervir em situações de risco

→ Reconhecer sinais de alerta: os sinais podem incluir falar sobre querer morrer, se sentir sem esperança, aumentar o uso de álcool ou drogas, ou mudanças comportamentais significativas.

→ Intervenções em crises: em situações de risco imediato, é crucial intervir, seja chamando serviços de emergência, encaminhando para um hospital, ou conectando a pessoa com linhas de apoio.

Promover um ambiente seguro

→ Reduzir o acesso a meios letais: limitar o acesso a meios que possam ser usados em tentativas de suicídio, como armas de fogo, medicamentos em grandes quantidades ou substâncias tóxicas.

→ Ambientes positivos e de apoio: criar ambientes seguros e acolhedores em casa, na escola e no trabalho podem ajudar a reduzir fatores de risco e promover o bem-estar.

Apoiar a saúde física e mental geral

→ Incentivar hábitos saudáveis: promover hábitos saudáveis, como exercícios físicos, sono adequado, alimentação balanceada, e técnicas de relaxamento, podem ajudar a melhorar a saúde mental.

→ Promover resiliência: ensinar habilidades de enfrentamento e resiliência podem ser cruciais para lidar melhor com o estresse e as adversidades.

Apoiar e acompanhar pessoas em situação de risco

→ Oferecer suporte contínuo: manter o contato e oferecer apoio contínuo a quem está passando por dificuldades, especialmente após uma tentativa de suicídio.

→ Participar de grupos de apoio: incentivar a participação em grupos de apoio ou terapia em grupo podem ajudar a pessoa a sentir que não está sozinha em suas lutas.


Recursos e serviços de emergência

Em momentos críticos, saber onde buscar ajuda é crucial. Aqui estão alguns recursos importantes, incluindo opções em Montes Claros (MG):

  • Centro de Valorização da Vida (CVV): oferece apoio emocional e orientação. Contate pelo telefone 188 ou acesse o site cvv.org.br;
  • Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU): Para situações emergenciais, ligue 192;

Pronto-socorro e hospitais em Montes Claros:

  • Hospital Aroldo Tourinho: (38) 3229-0100
  • Hospital Santa Casa de Montes Claros: (38) 2101-9000
  • Hospital das Clínicas de Montes Claros: (38) 2101-4000
  • CAPS – Centro de Atendimento Psicossocial: após o atendimento inicial e a estabilização da situação, o CAPS pode ser um recurso valioso para o acompanhamento e tratamento a longo prazo.
    Contato: (38) 3229-3330.

Aplicativos e plataformas de suporte

Existem plataformas online que oferecem suporte rápido e ajudam a conectar com profissionais de saúde. Veja algumas sugestões: 

Calm – aplicativo voltado para meditação, gerenciamento de estresse e bem-estar;

7 Cups – aplicativo que conecta pessoas a ouvintes voluntários e terapeutas para suporte emocional;

Headspace – aplicativo que oferece técnicas de meditação e mindfulness – uma prática para reduzir o estresse e melhorar o foco;

Moodfit – aplicativo que ajuda a gerenciar saúde mental com ferramentas como diários de humor e exercícios de gratidão;

MindDoc – aplicativo que ajuda a monitorar sintomas de saúde mental e a entender o estado emocional.


Refletir sobre o suicídio é reconhecer que o sofrimento emocional pode ser avassalador e, muitas vezes, invisível. Acolher com empatia e compreensão é essencial, pois cada gesto de cuidado pode ser um ponto de luz na escuridão do outro

A Jair Amintas reconhece a importância de discutir a prevenção ao suicídio. Acreditamos que esse é um tema que precisa ser abordado com sensibilidade e responsabilidade.

Sabemos que o cuidado com a saúde mental é fundamental e falar abertamente sobre o assunto pode salvar vidas. Por isso, reforçamos nosso compromisso em promover espaços seguros e acolhedores, tanto para nossos colaboradores, quanto para a comunidade em geral. Juntos, podemos fazer a diferença.

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